domingo, 26 de junho de 2011

Nem tudo é festa!!! - 15ª Parada Gay

Hoje é o dia da 15ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que vai levar pra avenida (Paulista) o tema: "Amai-vos uns aos outros: Basta de Homofobia!!!"

Mas é sempre bom relembrar que nem tudo é festa. Veja.

OMS faz guia para enfrentar avanço da Aids entre gays
Recomendações foram feitas por causa de aumento na taxa de infecção do HIV entre homens homossexuais. Organização também quer diminuir estigma e ampliar o acesso aos serviços de saúde para os portadores do vírus.

Reportagem de Mariana Versolato

A OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou na terça-feira, 21 de junho, pela primeira vez, diretrizes e recomendações para ampliar o tratamento e a prevenção da Aids entre homens homossexuais e transexuais.

Um dos motivos que levou à elaboração do relatório é a preocupação com o recrudescimento das taxas de infecção do HIV entre homens homossexuais, principalmente em países industrializados.

Com as diretrizes, a OMS pretende diminuir as barreiras impostas pelo estigma de ser homossexual, de forma que esse grupo tenha mais acesso aos serviços de saúde. Segundo um estudo publicado em 2009 no periódico "Annals of Epidemiology", no qual a OMS se baseou, as taxas de infecção do HIV entre homens homossexuais em oito países, como EUA e Reino Unido, aumentaram 3,3% ao ano entre 2000 e 2005. Entre 1996 e 2000, essa taxa havia caídeo 5,2% ao ano.

Dados da OMS também mostram epidemias do vírus recém-identificadas entre homossexuais e transexuais em países como Bolívia, Jamaica, México, Tailândia, Trinidad e Tobago e Zâmbia. Na América Latina, estima-se que metade das infecções do vírus tenha origem em relações sexuais desprotegidas entre homens.

A organização afirma ainda que homens homossexuais têm 20 vezes mais chance de contrair HIV do que os homens heterossexuais.

Banalização
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, o documento da OMS deve dar início a uma nova mudança da prática sexual entre esse grupo, da mesma forma registrada no início da epidemia da Aids, na década de 1980.

"Hoje há uma ideia distorcida de que a existência dos antirretrovirais dá direito ao sexo desprotegido, sem riscos, e houve uma banalização do uso do preservativo." Segundo Dirceu Greco, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, mesmo com a estabilização geral da epidemia há grupos mais vulneráveis que continuam com taxas altas, como os homossexuais, usuários de drogas e prostitutas.

Preconceito
Para a OMS, o estigma e a criminalização das relações homossexuais em muitos países são barreiras para o tratamento. Mais de 70 países criminalizam os homossexuais e transexuais, privando-os do atendimento médico.

As 21 recomendações do relatório são dirigidas a políticos, profissionais de saúde, organizações não governamentais e à comunidade.

Entre as diretrizes, está a criação de leis e medidas contra o preconceito para proteger os direitos de homossexuais e transexuais, o uso de camisinha e a garantia do atendimento de saúde. "Não podemos reverter a propagação da infecção por HIV no mundo se não forem atendidas as necessidades particulares desses grupos da população", disse Gottfried Hirnschall, diretor do departamento de HIV/Aids da OMS.

De acordo com Greco, existe uma ideia de que a epidemia da Aids está resolvida. "Mas ainda há mortalidade, preconceito e agressões a homossexuais", afirma.

Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, caderno Saúde, de 22 de junho de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário